​PAI DORO E MÃE IZAURA
         
Para falarmos algo sobre o Brejo de Cima, temos antes a obrigação de mencionar e homenagear, em sinal de agradecimento,  o homem que tornou possível a todos nós hoje, estarmos usufruindo dessa beleza que é o nosso querido Brejo.

Há um dito popular que diz: "por trás de um grande homem, sempre há uma grande mulher".

E é a mais pura verdade. Sr. Izidoro (Pai Doro), teve sempre a seu lado uma mulher dedicada, trabalhadora, excelente esposa e mãe.......D. Izaura Castro (Mãe Izaura), uma grande mulher. 

Izaura Castro, era filha de José de Oliveira Lopes e Lina Inês de Castro e nasceu no dia 18 de janeiro de 1907.

Assim sendo, continuemos...
         

Izidoro Bezerra da Cunha, nasceu no lugar por nome Criminoso, município de Cocal, no Piauí, no dia 03 de abril de 1900.

Ainda pequeno, se tornou diferente de seus irmãos, por saber transformar as dificuldades da vida em brincadeiras alegres e divertidas, isto porque seu senso de humor era diferente e especial, não permitindo que a tristeza virasse hóspede de seu coração. Mas não se descuidava ele, das mesmas virtudes morais que caracterizavam sua família e especialmente, era a marca registrada de seus irmãos, foi ele simultaneamente, um homem honesto, respeitador, valente, trabalhador, excelente comerciante, o maior e melhor fabricante de rapaduras de sua região, desenvolveu técnicas especiais de moagem, embora utilizasse o trabalho rústico, empregava e ajudava muito moradores na redondeza, orientava sempre os seus filhos a se engajarem neste trabalho, como forma de incentivá-los nas suas formações para a vida. Transformou o Brejo de Cima num celeiro agricultável, plantava cana de açúcar, arroz, feijão, milho, mandioca e quase tudo que fosse preciso para tornar o Brejo auto-sustentável, não gostava de gente que tivesse hábitos de pegar no que era alheio, não sabia dizer "não" a quem dele precisasse, e no serviço pesado gostava de todo mundo oferecendo ajuda.

Tinha hábitos diferentes, acordava de madrugada, tomava café às 05:00h, almoçava às 10:00h, jantava às 16:00h, não tinha hora para parar a moagem, não admitia desavença entre seus empregados, tomava para si, as responsabilidades de todos, que por descuido fizesse alguma coisa errada, aproveitando-se da situação para dar uma lição de moral de forma bem divertida para que o infrator, embora fosse um de seus filhos, nunca esquecesse de seus conselhos, só falava como se fosse um trovador, gostava de disputar cantoria.
         
Para falar do Sr. Izidoro ou Pai Doro, como era chamado por todos os seus netos, escreveríamos aqui várias páginas e não faltaria assuntos para demonstrar todas as suas virtudes.
         
Casou com Izaura Castro , no dia 24 de maio de 1925, às 7:00h da manhã, de um domingo e deste relacionamento tiveram 20 filhos, ainda adotando mais duas crianças que foram criadas como filhos.
         
Ainda hoje, vários anos após sua morte, ninguém parece ter se acostumado com a sua falta quando está no Brejo, certamente deva ele, estar ensinando os espíritos de luz a recitar trovas.
                                                       
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Eis algumas trovas ou "leros" do Sr. Izidoro, que guardei em minha memória:
         
1. Essa trova ele soltou quando estava sentado em sua rede, na sala dos coqueiros, e chegou um visitante com uma roupa esquisita:
         
         "Tem quatro coisas na vida
          Que já vi e não vejo mais
          Negra chamada Maria e negro chamado Tomás
          Calça da boquinha estreita e paletó lascado atrás"
         

2. Esse "lero" ele sempre dizia à mesa, quando terminava de almoçar ou de jantar:
         
          "Estou satisfeito e parei. E assim também fará quem vergonha tiver".
           (Claro que era brincadeira)
         

3. Esse "lero" ele soltou sentado em sua rede, quando chegou o Nanato (Raimundo Nonato), seu sobrinho:
          "Mas esse "Nanato" é feio, "eita" animal feio........parece um jerimum que nasceu imprensado entre dois tocos".
         
Esse era o Sr. Izidoro.



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